Fátima, Fado e Futebol, ouvia dizer que nos tempos do antigo regime, marcados pela miséria e opressão da ditadura do Dr. Oliveira, eram estes três eventos, com as iniciais em efe, que abafavam as mágoas da grande maioria dos Portugueses.
Nos tempos que atravessamos, também a maioria está a atravessar uma difícil crise, desta vez causada na minha opinião por factores externos, entre eles a guerra do petróleo, cada vez mais escasso e de que somos totalmente dependentes.
O nosso governo, cativo das rigorosas exigências da UE, viu-se obrigado a apertar-nos o cinto, protelando a subida de escalões dos funcionários públicos, bem presos pela rédea e aumentado os impostos, que por sua vez atingem todos os sectores económicos do país. E quem paga a maior fatia da crise são as classes mais desfavorecidas, pois as perdas para “os outros” são apenas migalhas.
Crise, mágoas, preocupações e lá voltamos aos três efes. Em Fátima eram milhares e milhares, nunca se viram tantos peregrinos, este ano bateram-se os recordes de afluência ao santuário. Outros, em suas casas acompanharam religiosamente as cerimónias transmitidas pelos meios de comunicação social. É grande a fé em Nossa Senhora para que a graça divina atenue as dificuldades da vida e nos proteja das desgraças.
Ao fado, já se lhe conheceram melhores dias, ele já não é um fado que canta um “povo que lava no rio” mas seja como for, permanece enraizado na nossa cultura, pois ele procura cantar o destino e a vida das gentes do nosso povo, que continua a “talhar com o seu machado as tábuas do (...) caixão”.
Quanto ao futebol, foi, é e pelos visto será sempre um fenómeno nacional. A semana é vivida, para muitos, em função do que acontece no futebol, principalmente no que se refere ao Porto, Sporting e Benfica: fazem-se prognósticos para o fim de semana, depois discutem-se os resultados dos jogos e no início da semana faz-se o rescaldo, tudo isto com grande paixão e mediatismo dos meios de comunicação social e umas borracheiras à mistura.
Em pleno Euro 2008, a nossa selecção passou aos quartos de final da competição, é a euforia total, agora todos nós esperamos que Portugal chegue à final de Viena e vença o Euro.
É assim, qual crise? Vamos esquecer os impostos, os baixos ordenados, o aumento constante da gasolina, as dificuldades da vida, vamos rezar, ouvir cantar o fado e ver futebol, pois há que ter fé num futuro melhor.