Mãe, já não posso desejar-te um feliz dia, mas ESTEJAS ONDE ESTIVERES ÉS ETERNA NO MEU CORAÇÃO.
segundavida
Nos meus passeios pela zona saloia, cada vez que passava por S. João das Lampas, em Sintra, reparava numa placa a indicar “Catribana”. Além de ter um nome invulgar também vim a saber que existia nesta povoação uma calçada e uma ponte Romana. Como gosto especialmente de história, passei pela biblioteca e descobri em documentos, factos que se referem às origens daquele povoado.
Vim a apurar que foram efectuadas em 1950 explorações arqueológicas, sob a responsabilidade de Prescott Vicente e Cunha Serrão, já que a toponímia do local (Catrivana) sugeriria aos investigadores, etimologias célticas. Mais tarde foi encontrada uma estação arqueológica num ponto elevado, cujas encostas, muito pedregosas, caem sobre a margem de um curso de água (Ribeira da Samarrra) e cujas características e espólio encontrado sugerem um povoado Neolítico de meados ou finais do 4º milénio a.C.
Também se descobriram vestígios significativos de cerâmica, pequenos machados de diorito e anfibolito, um furador de osso e várias outras peças em sílex e lascas de quartzito, vestígios depositados no Museu Regional de Sintra. Perto deste local também se descobriu uma estação Luso-Romana, provavelmente uma necrópole.
Poderá estar aqui a explicação para a calçada e ponte Romana, dado que para o Império, os meios de comunicação eram de primordial importância, neste caso, provavelmente uma via secundária, que ligava duas vilas Romanas importantes, e também o acesso à necrópole.
Desde o largo principal de Catribana caminhei por uma estrada de terra em direcção a sul da aldeia, ao fim de cerca de 1km, encontrei a ponte Romana, composta por um só arco com parapeito. Após passar sobre a ponte fui por um carreiro, entre o mato, tendo descido até à ribeira de Bolelas, que aqui já é denominada da Samarra, por estar perto da Praia da Samarra.
Junto à ribeira tirei algumas fotos da ponte e pude constatar que está muito mal conservada, direi mesmo em completo abandono (como se pode ver nas fotos). É uma tristeza enorme verificar que os organismos competentes não conservam (ou fazem conservar) o património histórico. Interrogo-me se esta ponte não é considerada suficientemente importante, mas ela está classificada como imóvel de interesse público ( http://www.ippar.pt/pls/dippar/pat_pesq_detalhe?code_pass=69672 ) pelo IPPAR, não se compreende.
Quanto à calçada Romana, no lado direito da margem da ribeira, pude constatar que existe um empedrado de cerca de 50 metros, mas a maioria das pedras estão soltas, dizem que devido à prática de moto-4. Penso que, se este património não for preservado convenientemente tende a desaparecer. Temos pena….
Segundavida
Já passei lá muitas vezes e algumas até parei alguns momentos para olhar, via uma lagoa mais castanha que azul, cheia de limbos e até lamas. Interroguei-me muitas vezes o porquê de Lagoa Azul, também porque não a limpavam para que a água ficasse mais límpida? Fiquei de lá voltar com mais tempo para apreciar a paisagem e tirar umas fotos. Na terça-feira passada, como estava o dia límpido e tinha a tarde livre, dei por lá umas voltas.
Constatei que aquele local tem mais beleza do que aparenta para o simples passante. Situa-se nas faldas da Serra de Sintra, rodeada de mata densa constituída essencialmente por pinheiros e acácias (mimosas), que pendem à procura da água. Ao longo dos anos na lagoa, proporcionou-se a patos, rãs, tartarugas e peixes um habitat próprio. Quando tirava algumas fotos apercebi-me de uma família de patos a tratar da vida, de algumas tartarugas que mergulhavam na água ao sentirem a minha aproximação, várias espécies de pássaros, que nidificam nos arbustos envolventes e outras espécies de animais e insectos.
A água está escura, esverdeada/acastanhada, devido às lamas vindas da serra, também das folhas que para lá caem e nesta época das flores amarelas das “mimosas” que a tingem de amarelo.
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Quanto ao azul, também pude constatar que ele está lá, não da cor da sua água, mas sim o azul celeste, pois quem ali se deslocar e se situar na zona mais a Norte, poderá ver o azul do céu espelhado nas suas águas. Talvez provenha daí a designação Lagoa Azul.
Segundavida
Passados cerca de 20 anos voltei a visitar o monumento ao Cristo Rei, em Almada, um lugar emblemático para quem quiser avistar as duas margens do Tejo nas zonas de Lisboa e Almada.