quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Vale sempre a pena

QUE MÚSICA ESCUTAS TÃO ATENTAMENTE

Que música escutas tão atentamente
que não dás por mim?
Que bosque, ou rio, ou mar?
Ou é dentro de ti
que tudo canta ainda?
Queria falar contigo,
dizer-te apenas que estou aqui,
mas tenho medo,
medo que toda a música cesse
e tu não possas mais olhar as rosas.
Medo de quebrar o fio
com que teces os dias sem memória.
Com que palavras
ou beijos ou lágrimas
se acordam os mortos sem os ferir,
sem os trazer a esta espuma negra
onde corpos e corpos se repetem,
parcimoniosamente, no meio de sombras?
Deixa-te estar assim,
ó cheia de doçura,
sentada, olhando as rosas,
e tão alheia
que nem dás por mim.


Eugénio de Andrade
(Coração do dia)




Vale sempre a pena esperar

Vale sempre a pena ter esperança

Vale sempre a pena tentar

Porque poderá vir o dia

Que o amor sopre a mesma melodia.

Segundavida

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Arquivados



Ultimamente temos visto um contínuo arquivar de processos judiciais, outros arrastam-se penosamente durante anos e anos, os números falam por si e o resultado será certamente também o arquivamento. Não vou apontar quais, pois são do conhecimento público e estão à vista. Certo é que, corruptos, violadores, pedófilos e outros criminosos das mais variadas estirpes, continuam a fugir às malhas da justiça.

Pergunto, o que é que está a falhar?

O governo avançou para uma reforma da justiça no sentido de esta ser mais célere e eficaz, para mim não foi mais que experimentações em várias situações, em que o resultado é “tapa a cabeça e descobre os pés”. As dificuldades para a investigação aumentaram e levam ao cometimento de erros, que, por sua vez, para justificação desses erros, levam a declarações públicas infelizes. Certo é que temos um sistema judicial encalhado, que deixa escapar os “espertos”, punindo apenas a arraia-miúda.

Assim a democracia em Portugal continua enferma!

Segundavida

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Carnaval Português

A origem do Carnaval é obscura, conta-se que nos primórdios da humanidade, na Primavera, as pessoas utilizavam máscaras, pintavam o rosto e o corpo para espantar os maus espíritos das colheitas. Do mesmo modo, também em celebrações e agradecimentos à mãe natureza faziam festivais anuais.

Posteriormente fala-se em festejos Egípcios de homenagem à deusa Isis, de eventos a deuses Gregos, festejos Lupercais (em honra ao deus Pã, protector dos rebanhos), de festivais em Roma dos Césares, ligadas às famosas Saturnálias (festas dedicadas ao deus Saturno), de carácter orgíaco e também de fenómenos astronómicos e naturais como o regresso do sol na Primavera.

Quanto à palavra Carnaval, a mais “sonante” pensa-se que deriva da palavra Carnelevarium que significava a véspera da quarta-feira de cinzas e quando começava a abstinência da carne para os católicos. Desde a idade média, o Carnaval está associado ao calendário cristão e representava, naquela época, o período de festas profanas que se iniciava ou a partir de 25 de Dezembro, ou no Dia de Reis, e se estendia até a Quarta-Feira de Cinzas, quando começavam os jejuns da Quaresma. (pesquisado na net).

máscaras de Veneza (da net)

O Carnaval festeja-se um pouco por todo o mundo católico sendo de realçar o de Itália (Veneza), Alemanha (Munique), de França (Paris), mas o mais importante e espectacular está considerado o do Rio de Janeiro, no Brasil.

Em Portugal, o Carnaval até à década de 80 era festejado da forma tradicional portuguesa, mas o tema poderia ser diferente de terra para terra. Na generalidade assistiam-se a brincadeiras com máscaras artesanais e disputas para ver qual seria o melhor mascarado; faziam partidas dizendo mentiras de modo a enganarem o familiar, vizinho ou amigo; também era muito usual os homens vestirem-se de forma ridícula ou de mulher e vice-versa; outros, molhavam quem passava na rua com bisnagas ou pistolas de plástico e também metiam papelinhos na boca do amigo ou familiar, muitos ficavam chateados, por isso costumava-se dizer “é Carnaval ninguém leva a mal”.


Na minha juventude foi assim de tudo um pouco, o último que me lembre e que “brinquei a sério” foi quando eu tinha cerca de 18 anos, disfarcei-me de múmia, foi um dia inteiro a cortar lençóis velhos, com a ajuda da minha irmã enrolei-me completamente de tiras brancas. Poderei dizer que foi um sucesso pois lá na terra ninguém conseguiu adivinhar quem era tal figura. Hoje, para mim, o Carnaval pouca importância tem, pois outros valores se levantam.

Em algumas zonas do país nunca se perderam as origens mais remotas, como os Caretos de Podence (clicar) do Nordeste Transmontano e os de Lazarim (clicar) na zona do Douro. Também os de Torres Vedras, Ovar e Sesimbra, continuam a ser fiéis às suas raízes e porventura outros espalhados pelo país.

É de enaltecer a persistência das gentes destas regiões em não deixar perder a originalidade destes festejos, vale mais assim do que andar a fazer plágios por vezes grosseiros e caricatos de Carnavais doutros países.

segundavida