quinta-feira, 3 de junho de 2010

Encontro do Zêzere com o Tejo


Depois de ter estado na nascente do Rio Zêzere, tinha prometido a mim mesmo visitar também o local onde desagua e conflui com o Rio Tejo, aos pés da bela localidade de Constância.
 clicar nas fotos para melhor definição

Assim aconteceu, numa deslocação a Constância, onde participei numa prova de corrida, aproveitei o dia para visitar o rio, que ali chega já bem largo e forte. Verifiquei o quanto o rio foi importante para as gentes de Constância, principalmente na pesca da fataça e do sável, que foi ganha-pão para muitos.
De hoje em dia deixou de ter tanta importância, e muitos fazem-no por hobie,  mas as embarcações (caneiras) por lá continuam e todos os anos fazem uma festa (Nsª Senhora da Boa Viagem) em que chegam de vários locais, barcaças engalanadas para serem benzidas durante os festejos.
Falando um pouco de Constância é uma cidade calma e muito bonita, mais parecendo um presépio, com o seu casario branco e ruas floridas, entre os rios Zêzere e Tejo. 

Em tempos teve o nome de Punhete, mas as suas gentes não gostavam e pediram à Rainha D. Maria II para mudar a denominação, que passou a ser a actual. 

Também é conhecida por ter ali ter residido Camões, onde esteve desterrado devido aos amores por Catarina de Ataíde, tendo aqui escrito muito da sua lírica, por isso apelidada de “Vila Poema”.
Ficou o desejo de lá voltar, pois ainda há muito por visitar, principalmente as margens do rio, que me pareceram muito bem conservadas e aproveitadas para lazer e recreio da população.





segundavida

domingo, 21 de março de 2010

Como somos frágeis!


Estão ainda bem presentes na minha memória alguns Invernos bastante rigorosos, principalmente até aos anos oitenta. Entre Novembro e Fevereiro chovia constantemente, por vezes semanas e até meses completos, nos pontos de maior altitude caiam grandes nevões, vinham fortes trovoadas, ventanias e as temperaturas negativas enregelavam os ossos. A Primavera chegava com naturalidade, notando-se um clima temperado, também com chuvas por vezes abundantes em Abril, os dias alternavam o frio das tardes e da noite com o calor do restante dia, que propiciavam as condições necessárias para as sementeiras sazonais.
Este Inverno que terminou, também foi muito rigoroso e fez-me lembrar os de antigamente, mas teve uma particularidade que cada vez mais se faz sentir, que é a sua inconstância, tudo devido às alterações climáticas. Vieram grandes chuvadas e ventanias, que causaram situações de catástrofe e calamidade, como as fortes ventanias na zona Oeste da Estremadura, que  provocaram estragos avultados em infra-estruturas e na agricultura. Mais recentemente assistimos incrédulos à tempestade que assolou a Ilha da Madeira, tendo a mãe natureza demonstrado como somos frágeis.
A Primavera chegou e com ela, temperaturas mais amenas, mas não é seguro que seja uma Primavera à antiga, pois de um momento para o outro traz-nos surpresas. Ainda hoje, cerca das 14h00, caiu uma grande “tromba de água”, na zona de Sintra, que em 20 minutos, provocou o caos, com inundações nas várias artérias e em habitações de zonas baixas. É mesmo para se dizer que deste tempo, a partir de agora, tudo poderá esperar-se.
Segundavida

domingo, 3 de janeiro de 2010

Um olhar de esperança


Quando se inicia um novo ano, costuma dizer-se “que pelo menos não seja pior que o anterior”, também Já os nossos antepassados diziam “adeus mundo…cada vez pior”.

Entrámos em 2010 e mesmo tendo vontade de acreditar num ano melhor, os prognósticos não são nada animadores. No mundo, a crise económica, a fome, o terrorismo, o crescente aumento da poluição e subsequentes alterações climáticas, são as mais preocupantes.

A nível nacional, a recuperação económica caminha num percurso sinuoso e difícil e quando há crise económica desenrola-se uma espécie de efeito de dominó, que atinge vários sectores da sociedade, prevendo-se grandes dificuldades para a maioria da população, principalmente as camadas mais desfavorecidas, que são as mais atingidas.

Não podemos resignar às dificuldades que se nos deparam, temos que lutar pela vida e ter esperança num mundo melhor!

DESEJO A TODOS UM FELIZ ANO!

segundavida



quarta-feira, 23 de dezembro de 2009


Se considero o triste abatimento
Em que me faz jazer minha desgraça,
A desesperação me despedaça,
No mesmo instante, o frágil sofrimento.

Mas súbito me diz o pensamento,
Para aplacar-me a dor que me traspassa,
Que Este que trouxe ao mundo a Lei da Graça,
Teve num vil presepe o nascimento.

Vejo na palha o Redentor chorando,
Ao lado a Mãe, prostrados os pastores,
A milagrosa estrela os reis guiando.

Vejo-O morrer depois, ó pecadores,
Por nós, e fecho os olhos, adorando
Os castigos do Céu como favores.

Manuel Maria Barbosa du Bocage


Um belo poema do Bocage sobre o Natal e o sofrido destino do Redentor, por todos nós!

Desejo a todos um FELIZ NATAL!

segundavida

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Maravilhas naturais da Serra

Momentos marcantes são todos aqueles que ficam gravados na nossa memória para toda a vida, seja por factos negativos ou por bons acontecimentos. Alguns desses belos momentos ocorreram já há largos anos, quando era eu ainda um jovenzinho. Acompanhado de quatro dos meus irmãos, fizemos uma caminhada a partir do Covão da Ametade, no início do Vale Glaciário do Zêzere, na Serra da Estrela, até à Lagoa dos Cântaros. Foi um passeio em que convivemos durante todo o caminho, tendo inclusivamente brincado, desenhando o nosso apelido com pedrinhas numa laje do caminho.

Covão da Ametade
Em todas as imagens pode clicar para ver com melhor resolução
Já tinha prometido a mim mesmo voltar a efectuar o mesmo percurso, lembrava-me vagamente do caminho, sabia que era por veredas e caminhos traçados por rebanhos. Neste Verão, acompanhado da minha mana, que também tinha efectuado a “viagem” na mesma altura, pusemos-nos a caminho, tentando encontrar os mesmos trilhos.



Os carreiros lá estavam, em alguns pontos com marcas de tinta, deixadas provavelmente por escuteiros ou caminheiros, também algumas pedras colocadas estrategicamente sobre outras maiores, assinalavam o caminho. A partir dum certo ponto deixámos de ver as marcas e ficámos por nossa conta, tentando adivinhar o melhor trilho na direcção da lagoa. Tínhamos que tornear pedregulhos entre altos fetos, giestas e urzes.





Ao fim de 45 minutos lá avistámos a lagoa, estávamos cansados mas a vontade deu novo alento às pernas e foi um instantinho enquanto lá chegámos.



O local é na realidade maravilhoso e encantador, a lagoa é natural, com cerca de 8000 m2, situa-se aos pés do maciço rochoso denominado cântaros, é um dos vestígios marcantes deixados pelas massas de gelos dos glaciares que há milénios se formaram na Estrela. Na sua água verde-escura é reflectida toda a beleza natural da montanha e de toda a vegetação envolvente. Não haja dúvidas de que a alma de quem contempla aquele espectáculo natural fica cheia de um sentimento de um certo modo difícil de explicar.





O regresso é feito com alguma nostalgia, mas ainda deu para observar algumas plantas, entre elas, uma de flores amarelas, que também existiam nos campos da quinta onde fui criado, que me recordou tempos passados, quando mastigava as pétalas com sabor adocicado. Também encontrei alguns insectos, entre eles, uma bela borboleta que “cheirava” as flores de um cardo. Dos pastores restam apenas as ruínas de currais, que serviam para recolher e abrigar os rebanhos durante a pastorícia.







Chegámos à Covilhã já era hora de almoço mas ficou a satisfação daquela caminhada e da contemplação das maravilhas naturais da Serra da Estrela. Muitos Portugueses optam por visitar a serra apenas no Inverno devido à neve mas perdem outras belezas, que só com bom tempo se podem observar.

Segundavida

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Nascer do sol

Alguns de nós poderão não chegar ao alvorecer, mas todos ansiamos por esse momento, agora certo é que o sol se erguerá novamente no horizonte e iluminará a terra, independentemente de quem cá esteja.



O nascer do sol é uma das minhas nostalgias, pois lembro-me de muitas vezes acordar ainda de noite para ir com meu pai trabalhar para os campos, assistindo assim ao alvorecer do dia. Era um espectáculo muito belo ver aparecer o sol bem vermelho rodeado de uma auréola alaranjada, nas montanhas a nascente e colorir o Vale da Cova da Beira.



Num destes dias, ao ir para o meu local de trabalho, vi um nascer do sol muito bonito sobre o vale de Barcarena, e vieram-me à lembrança alguns dos belos momentos que assistira.



Como já tinha postado o pôr-do-sol, decidi então, nos dois dias seguintes, registar o nascer do sol, os quais publico.

segundavida

segunda-feira, 22 de junho de 2009

À noite no museu


O museu de São Miguel de Odrinhas fica situado na Aldeia de Odrinhas, conselho de Sintra. Esta localidade é de extrema importância no que refere aos vestígios de presença Romana no Conselho de Sintra. Aqui existem ruínas do que foi uma importante Villa romana, do século I a.C. e também do século IV a.C. Para preservar e dar a mostrar este rico património, a Câmara de Sintra remodelou o local, construindo um museu .

Ver: aqui e também aqui.

Entrada do museu

Já à muito que desejava visitar o Museu de São Miguel de Odrinhas, porém, após verificar no folheto cultural de Sintra que havia um programa de visita nocturna “Noites do museu” logo me apressei a fazer a marcação, pois deveria de ser diferente e mais interessante, além de ver, também poderia sentir e viajar um pouco até à era Romana.

Ad Antiquitates Vestigandas!

Estamos em 1543.

Dois grupos de humanistas ligados à corte d’el Rei D. João III percorrem o termo de Sintra em busca das antiguidades aqui deixadas pelos Romanos.

Estes personagens históricos lêem e interpretam as enigmáticas inscrições romanas, recriando a atmosfera das mais antigas descobertas arqueológicas feitas em Sintra na Época do Renascimento.

“Que fazeis vós?”

“Antiquitates vestigamus”

(folheto do museu)


Pelas 21h45 do sábado passado lá fui eu, já por lá tinha passado mas nunca de noite e deparei com um ambiente bem escuro e repleto de misticismo. Da entrada até ao Átrio do museu passei por um corredor de tochas que davam um toque especial ao momento.


No átrio encontravam-se ilustres cicerones, figuras do passado, que davam as boas vindas, dizendo “AVE AMICI!”(….), entre outra palavras em latim que lamentavelmente não consegui memorizar.



Levaram-me ao interior, guiaram-me à recepção e mostraram-me os aposentos, entre eles a “loja de bebidas” (bar), onde provei um delicioso vinho romano. Uma bebida ligeiramente quente, feita com vinho e uma mistura de frutos macerados e tâmaras.

Enquanto esperava por todos os “convidados” permaneci também no Auditório, um local de meditação e convívio entre os visitantes.



Quando já estava todos presentes iniciou-se a “ peregrinação “, passámos pela Cripta Etrusca, Basílica Romana, também pela Igreja Visigótica, até à Necrópole Medieval, ao encontro das memórias dos antepassados romanos.

Aqui encontra-se um vastíssimo espólio arqueológico romano, dezenas de monumentos lapidares e centenas de inscrições em latim, entre outros de extrema importância histórica.



“Ave Amici!

Estamos em plena época romana. O pater famílias saúda os convidados e exorta-os a acompanhar as matronas da sua domus numa visita ritual aos túmulos dos antepassados e aos altares dos deuses. Nas supulturas colocam-se grinaldas e sobre as aras ardem incensos e derramam-se libações. As trémulas luzes das candeias movem misteriosamente sombras. Chamados pelos seus próprios nomes, os antigos romanos e suas divindades ganham uma nova vida e tornam-se presentes. As pedras falam!”

(folheto do museu)


Os figurantes, trajados a rigor, num ambiente carregado de misticismo, à luz de tochas, declamam em latim (depois traduzido para a nossa língua), os nomes dos antepassados, numa completa comunicação entre o homem e a divindade.



Está na hora do recolhimento. Até à próxima!

Segundavida!