domingo, 30 de janeiro de 2011

Violência escolar (continuação)

O bullying não ocorre apenas entre crianças agressoras e agredidas, sendo considerado um fenómeno grupal. Efectivamente por ocorrerem na escola, local onde permanecem por vezes centenas de alunos e dezenas de adultos, o bullying envolve ainda um grupo considerável de outros tipos de participantes com características próprias e com papéis igualmente relevantes. Temos os agressores “bullies”, que são jovens que não gostam da escola, pouco propensos a proezas escolares, com capacidade intelectual mais reduzida que os outros alunos, ansiosos, impulsivos, inseguros, com maior probabilidade de depressão e um nível de auto-estima relativamente baixo. São ainda considerados agressivos, não só para os seus pares, mas também para os professores, pais, irmãos e outros, e caracterizados por atitudes positivas relativamente à violência, estando sempre prontos a usá-la como única forma de resolução de conflitos. Estes jovens apresentam alguma dificuldade de relacionamento interpessoal, tendo um reduzido circulo de amigos. No entanto, esta não é uma imagem consensual. Diversos autores argumentam que alguns agressores têm boas competências sociais e são relativamente activos e assertivos, capazes de evidenciar elevados níveis de inteligência social e de compreender as emoções e sentimentos dos outros.
 Quanto às vítimas, de uma forma geral, estas têm sido retratadas como “choramingas” e obedientes para com as exigências dos agressores, sendo ainda caracterizados como passivas, tímidas, fisicamente mais fracas, ansiosas, com reduzida auto-confiança, auto-estima e auto-apreciação, que resultam numa fraca percepção das próprias competências académicas, maiores preocupações com a própria conduta e comportamentos, e sentimentos de repudia pelos colegas. As vítimas são maioritariamente alunos do sexo masculino, que não apreciam a escola, faltam às aulas com maior frequência, preferindo afastar-se ou fugir quando provocados ou agredidos ou mesmo evitar situações de interacção social com os seus pares. São normalmente pouco populares e têm poucos amigos, seja pela rejeição a que estão sujeitos por parte dos seus pares, pelo receio de estes serem igualmente vitimados ou perderem o seu status social. As vítimas apresentam também maiores riscos de problemas de saúde física e mentais relacionados com situações de stress, tais como problemas com o sono, dores de cabeça, estômago e abdominais, depressão e neurose e maiores tendências suicidas. A prevalência da vitimação não difere de rapazes para raparigas; no entanto, enquanto a maioria dos rapazes é agredida por outros rapazes, uma parte significativa das raparigas foi vitimada por outras raparigas. Têm em comum o facto de não revelarem a sua situação ao pessoal escolar por acreditarem que os professores e os funcionários não fariam nada para pôr termo à situação. A denúncia formal às autoridades policiais é um factor importante e fundamental para um conhecimento institucional dos fenómenos associados às formas de violência. Contudo a grande maioria não denuncia estes casos por receio de retaliações, de não ser acreditado ou que os professores os denunciem ao agressor, a vergonha de não ter sido capaz de resistir à agressão, ou que os pais ou professores possam piorar a situação ou ainda pensar que é melhor ser agredido que ser considerado “bufo”.
Neste tipo de violência, são usados muitas das vezes o telemóvel (sms) e o computador (msn), o denominado “CyberBullyREX”, como meio de contactar as vítimas e de exercer chantagens ou ameaças sobre elas. Também neste caso as evoluções tecnológicas modificam as sociedades.

Na imprensa internacional têm surgido com frequência, histórias como a do jovem espanhol Jokin Cebrio, de 14 anos, que se atirou das muralhas da cidade de Hondarribia, no País Basco, onde vivia, para pôr fim a mais de um ano de tormento na escola. Jokin era sistematicamente perseguido e maltratado pelos colegas. Calou-se e foi aguentando. Acabou por criar coragem e contou aos pais o que se passava e quem o maltratava. Mas quatro dias depois de o ter feito, suicidou-se. Jokin tornou-se um caso emblemático, tendo sido referido um pouco por todo o mundo, nos últimos meses.
           
            Em 02-03-2010, aconteceu o que alguns afirmam de ser 1ª vítima  mortal de bullying em Portugal, o caso de Leandro Filipe, o rapaz de 12 anos que se suicidou no rio Tua, em Mirandela, por ter sido alvo de violência por parte de alguns colegas na escola onde estudava.
            Espera-se que o caso do Leandro  sirva de exemplo e que demova a vontade de todos aqueles que no seu intimo têm tendência em causar sofrimento aos outros. Que seja o mártir de uma nova mentalidade de união e camaradagem nas escolas.

Segundavida

Um comentário:

Marlene Koch disse...

Oi Jam. Me pergunto se existe algum lugar desse nosso mundo onde não exista o bullying. Essa violência física e moral contra crianças ou adultos na maioria bem comportados sempre foi e penso que sempre será. Penso que a culpa é da própria familia que delega a educação dos filhos para segundo plano. É uma guerra psicológica que vai modelando a mentalidade do agredido sendo que este terá que ser muito forte para vencer todas as barreiras que a vida oferece. Vc disse tudo Jam e aproveitei para jogar um pouco da culpa nos pais ou... na falta deles. A sociedade não se importa e penso que nada vai ser feito. Nada está sendo feito para impedir a distribuição de drogas perto das escolas. Aqui no Brasil as leis são aprovadas mas a maioria não tem repercussão. Não sei se eu quero retornar a este planeta daqui a 200 anos porque não sou tão otimista a ponto de acreditar num futuro melhor para a humanidade. Bem da hora essa tua postagem caro amigo. Por isso que sempre afirmo que o respeito deveria ser o mandamento maior para o nosso mundo. Toda violência vem por falta de respeito para com a outra vida.