quarta-feira, 23 de dezembro de 2009


Se considero o triste abatimento
Em que me faz jazer minha desgraça,
A desesperação me despedaça,
No mesmo instante, o frágil sofrimento.

Mas súbito me diz o pensamento,
Para aplacar-me a dor que me traspassa,
Que Este que trouxe ao mundo a Lei da Graça,
Teve num vil presepe o nascimento.

Vejo na palha o Redentor chorando,
Ao lado a Mãe, prostrados os pastores,
A milagrosa estrela os reis guiando.

Vejo-O morrer depois, ó pecadores,
Por nós, e fecho os olhos, adorando
Os castigos do Céu como favores.

Manuel Maria Barbosa du Bocage


Um belo poema do Bocage sobre o Natal e o sofrido destino do Redentor, por todos nós!

Desejo a todos um FELIZ NATAL!

segundavida

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Maravilhas naturais da Serra

Momentos marcantes são todos aqueles que ficam gravados na nossa memória para toda a vida, seja por factos negativos ou por bons acontecimentos. Alguns desses belos momentos ocorreram já há largos anos, quando era eu ainda um jovenzinho. Acompanhado de quatro dos meus irmãos, fizemos uma caminhada a partir do Covão da Ametade, no início do Vale Glaciário do Zêzere, na Serra da Estrela, até à Lagoa dos Cântaros. Foi um passeio em que convivemos durante todo o caminho, tendo inclusivamente brincado, desenhando o nosso apelido com pedrinhas numa laje do caminho.

Covão da Ametade
Em todas as imagens pode clicar para ver com melhor resolução
Já tinha prometido a mim mesmo voltar a efectuar o mesmo percurso, lembrava-me vagamente do caminho, sabia que era por veredas e caminhos traçados por rebanhos. Neste Verão, acompanhado da minha mana, que também tinha efectuado a “viagem” na mesma altura, pusemos-nos a caminho, tentando encontrar os mesmos trilhos.



Os carreiros lá estavam, em alguns pontos com marcas de tinta, deixadas provavelmente por escuteiros ou caminheiros, também algumas pedras colocadas estrategicamente sobre outras maiores, assinalavam o caminho. A partir dum certo ponto deixámos de ver as marcas e ficámos por nossa conta, tentando adivinhar o melhor trilho na direcção da lagoa. Tínhamos que tornear pedregulhos entre altos fetos, giestas e urzes.





Ao fim de 45 minutos lá avistámos a lagoa, estávamos cansados mas a vontade deu novo alento às pernas e foi um instantinho enquanto lá chegámos.



O local é na realidade maravilhoso e encantador, a lagoa é natural, com cerca de 8000 m2, situa-se aos pés do maciço rochoso denominado cântaros, é um dos vestígios marcantes deixados pelas massas de gelos dos glaciares que há milénios se formaram na Estrela. Na sua água verde-escura é reflectida toda a beleza natural da montanha e de toda a vegetação envolvente. Não haja dúvidas de que a alma de quem contempla aquele espectáculo natural fica cheia de um sentimento de um certo modo difícil de explicar.





O regresso é feito com alguma nostalgia, mas ainda deu para observar algumas plantas, entre elas, uma de flores amarelas, que também existiam nos campos da quinta onde fui criado, que me recordou tempos passados, quando mastigava as pétalas com sabor adocicado. Também encontrei alguns insectos, entre eles, uma bela borboleta que “cheirava” as flores de um cardo. Dos pastores restam apenas as ruínas de currais, que serviam para recolher e abrigar os rebanhos durante a pastorícia.







Chegámos à Covilhã já era hora de almoço mas ficou a satisfação daquela caminhada e da contemplação das maravilhas naturais da Serra da Estrela. Muitos Portugueses optam por visitar a serra apenas no Inverno devido à neve mas perdem outras belezas, que só com bom tempo se podem observar.

Segundavida