quarta-feira, 20 de maio de 2009

Nascente do Zêzere

O Rio Zêzere nasce na Serra da Estrela, a cerca de 1900 m de altitude, no declive do Cântaro Magro, virado a nascente. A origem do seu nome (dizem) provém do Azereiro, uma planta actualmente rara, que durante séculos foi abundante em Portugal, que se dava muito bem em zonas húmidas montanhosas e junto dos rios, segundo cronistas também lhe chamavam Senzer ou Zêzere (tirado daqui). É o segundo maior rio (a seguir ao Mondego) Português, ele percorre uma distância de cerca de 200km, desde os leitos pedregosos da Estrela, passando pelo vale glaciário até Manteigas, irrigando depois todo o deslumbrante Vale da Cova da Beira, onde as árvores tomam cor e nos proporcionam deliciosos frutos, até se encontrar com o Rio Tejo em Constância.

copiado do Google Earth

Percorrer um rio de barco, nadar, pescar ou dormir uma sesta na sua margem à sombra de frescos salgueiros, isso já quase todos fizeram, agora, estar na sua nascente, ver a água brotar do interior das rochas, fresca e cristalina e iniciar a sua marcha num pequeno riacho, serra abaixo, essa é uma emoção bastante grande, que nos arrepia e finalmente nos enche de um contentamento indescritível.

Covão da Ametade e Vale glaciário do Zêzere (para ver com maior nitidez clicar na foto)

Tinha lá estado pela primeira vez teria eu cerca de 20 anos de idade, lembrava-me de ter subido rochas e sulcado veredas entre giestas e urzes, trilhos difíceis mas que não me tinham trazido grande dificuldade, pois naquela idade não havia caminhos que me metessem medo. Voltei a tentar mas fiquei a meio do caminho pois o tempo era pouco e sempre se demora cerca de uma hora. Nos últimos tempos sentia em mim uma grande nostalgia cada vez que ia à serra, tinha prometido a mim mesmo lá voltar.

No deslumbrante Covão da Ametade (clicar para ver com maior definição)

O Zêzere ainda bebé à entrada do covão (clicar para ver com melhor resolução)

Assim aconteceu recentemente, depois de ter subido à Torre pela vertente oeste, desci para a Nave de Santo António e finalmente cheguei ao belíssimo Covão da Ametade, um paraíso no coração da Serra da Estrela. Ainda tinha ideia do caminho, por isso, acompanhado da minha filhota, subi junto ao leito do rio, ainda bem menino, galguei rochedos, arredei arbustos até encontrar uma pequena vereda, aqui e ali assinalada com pedras. Não estava fácil pois notava-se que não era percorrida com frequência. A minha parceira desistiu a meio (cansaço…), ficou sentadinha numa rocha à minha espera, mas eu continuei, até à nascente. Entre duas enormes rochas vê-se a água a brotar, provavelmente vinda dum veio freático e dos degelos da serra.


Nascente do Rio Zêzere (todas as fotos foram tiradas por mim, clicar para ver com melhor resolução)

É uma emoção enorme, ver que um rio também tem vida e é ali que se inicia, alimentando-se em todo o seu percurso de outros rios, ribeiros e riachos, dando também vida a milhares de outras plantas que crescem a partir do seu leito, que por sua vez nos proporcionam através da agricultura os alimentos que nos mantêm vivos.

Segundavida

domingo, 3 de maio de 2009

Para ti mãe!


Mãe, já não posso desejar-te um feliz dia, mas ESTEJAS ONDE ESTIVERES ÉS ETERNA NO MEU CORAÇÃO.

segundavida