terça-feira, 17 de junho de 2008

Voltámos aos três efes

Fátima, Fado e Futebol, ouvia dizer que nos tempos do antigo regime, marcados pela miséria e opressão da ditadura do Dr. Oliveira, eram estes três eventos, com as iniciais em efe, que abafavam as mágoas da grande maioria dos Portugueses.

Nos tempos que atravessamos, também a maioria está a atravessar uma difícil crise, desta vez causada na minha opinião por factores externos, entre eles a guerra do petróleo, cada vez mais escasso e de que somos totalmente dependentes.

O nosso governo, cativo das rigorosas exigências da UE, viu-se obrigado a apertar-nos o cinto, protelando a subida de escalões dos funcionários públicos, bem presos pela rédea e aumentado os impostos, que por sua vez atingem todos os sectores económicos do país. E quem paga a maior fatia da crise são as classes mais desfavorecidas, pois as perdas para “os outros” são apenas migalhas.

Crise, mágoas, preocupações e lá voltamos aos três efes. Em Fátima eram milhares e milhares, nunca se viram tantos peregrinos, este ano bateram-se os recordes de afluência ao santuário. Outros, em suas casas acompanharam religiosamente as cerimónias transmitidas pelos meios de comunicação social. É grande a fé em Nossa Senhora para que a graça divina atenue as dificuldades da vida e nos proteja das desgraças.

Ao fado, já se lhe conheceram melhores dias, ele já não é um fado que canta um “povo que lava no rio” mas seja como for, permanece enraizado na nossa cultura, pois ele procura cantar o destino e a vida das gentes do nosso povo, que continua a “talhar com o seu machado as tábuas do (...) caixão”.

Quanto ao futebol, foi, é e pelos visto será sempre um fenómeno nacional. A semana é vivida, para muitos, em função do que acontece no futebol, principalmente no que se refere ao Porto, Sporting e Benfica: fazem-se prognósticos para o fim de semana, depois discutem-se os resultados dos jogos e no início da semana faz-se o rescaldo, tudo isto com grande paixão e mediatismo dos meios de comunicação social e umas borracheiras à mistura.

Em pleno Euro 2008, a nossa selecção passou aos quartos de final da competição, é a euforia total, agora todos nós esperamos que Portugal chegue à final de Viena e vença o Euro.

É assim, qual crise? Vamos esquecer os impostos, os baixos ordenados, o aumento constante da gasolina, as dificuldades da vida, vamos rezar, ouvir cantar o fado e ver futebol, pois há que ter fé num futuro melhor.

Segundavida

segunda-feira, 2 de junho de 2008

A caminho...do fim!

A caminho


A matéria encaminha-se para o caos como um rio se dirige para o mar.
Nós, os vivos, somos como pirogas lutando contra a corrente do tempo. Tentando iludir o tempo. Mas ele conhece apenas um caminho, segue sempre pela mesma vertente, aquela que conduz à decadência.

Preservamos a nossa forma destruindo outros seres vivos. A nossa existência resulta sempre duma pilhagem. É que a vida é canibal. A vida devora a vida.

Tudo aquilo que começa tem de acabar, senão de que serviria o tempo? E ao tempo nunca ninguém contrariou. Onde é que se viu um rio subir rumo à fonte ou um pintainho voltar para o seu ovo? O fogo mais devorador acaba sempre por perder o apetite e extinguir-se. A montanha mais alta acaba por se ajoelhar transformando-se numa planície. Mas a vida, essa aí, persiste em contrariar o tempo, surge, desenvolve-se e floresce num mundo onde tudo corre rumo à maior desordem; ela foge à calma e à tranquilidade dos objectos inanimados e avança como um equilibrista que caminha sobre a corda bamba, adiando eternamente o inevitável ajuste de contas.

Fim

Mas não podemos escapar indefinidamente às estocadas do tempo. É proibido. Um dia o meu corpo abandonará a luta e restituirá ao mundo a matéria que me compõe. Esta galáxia de milhares de milhões de átomos, que outrora me formaram, morrerá como morreram as estrelas, semeando a sua matéria pelo espaço. Todos os átomos que vieram dançar em mim irão dançar noutro sítio. Um, dois, três…e lá vão eles. Migrarão para uma árvore, para o farrapo de uma nuvem, para o pelo de uma pulga… E eu deixarei cá a minha canção para que outros a cantem à sua maneira.

(extraído do filme Génesis)

Neste filme o "Mestre" demonstrou que, nesta vida, todos temos um papel a desempenhar mas que também face às leis da natureza somos tão insignificantes, que por vezes basta um sopro, para que desapareçamos da face da terra.
Tudo tem um principio e um fim.

Segundavida