domingo, 4 de maio de 2008

O início

"Foi o amor que me subtraiu ao nada. Além disso tive duas vidas, a primeira, vivida no ventre da minha mãe; a segunda, em que habitei este vasto mundo. Do momento da minha concepção ao meu nascimento, vivi em forma condensada à história da génese.

No início fui uma criatura aquática. A bolsa das águas substituiu o mar primordial do começo do mundo. Naquela altura era eu do tamanho de um feijão, era muitíssimo parecido com os animais. Naquela idade em que o nosso corpo se forma e consolida lentamente, somos todos parecidos como se fossemos gémeos, pois somos como fios de água que jorram da mesma fonte, como as nervuras de uma mesma folha, os ramos de uma mesma árvore. Somos membros da mesma tribo, a grande tribo dos seres vivos.

Foi assim que fui um bocadinho peixe, um bocadinho rã quando ainda vivia na barriga da minha mãe. Tinha guelras no pescoço e barbatanas nos flancos e flutuava entre duas águas no meu aquário flexível e redondo.

Todos os seres se constroem, célula após célula, como uma grande vila com ruas e bairros, ao som ritmado do bater do coração. E as veias traçam-nos no corpo percursos semelhantes aos dos rios na terra."

Texto que extraí de “Génesis”, um filme que achei fantástico, em que um ancião Africano, mestre da sabedoria, conta a “sua” versão da criação do mundo e da origem da vida, fazendo também uma apologia entre o ser humano e os restantes animais, acompanhado por imagens fantásticas.

Ver sinopse do filme Génesis


A todas as mães um feliz dia!

Segundavida